Grito Negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
José Craveirinha - poeta moçambicano
2 comentários
Lindo e como vê não é brasileiro.
Volto a dizer que não tenho nada contra, muito pelo contrário, pois tenho adorado os poemas do seu blog.
Então de Chico Buarque e Vinicius nunca são de mais.
Moçambique. Até a palavra é linda, tem uma sonoridade maravilhosa. palavras...
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