desencontros...
1995 foi um ano importante! Ofereceram-me um livro de Mário de Sá-Carneiro. Entendo a escolha do livro, li e interpretei todas os poemas que me pediram para ler com atenção.
Na primeira página está uma dedicatória que num momento diz “… Só que pelo meio, Deus cometeu o pecado de nos dar sentimentos. Engano fatal. Sentir estava reservado ao deuses, fossem eles quem fossem…” E eu já li e reli esta frase vezes sem conta e nunca consigo descobrir o verdadeiro enigma que está encerrado nela. Acho que já não vou conseguir descobrir...
Sinto o peso dos ciclos vazios, a que cada volta desenho um ângulo maior, uma rotação mais lenta, um traço mais delicado …. Sim, possivelmente o meu sentir é estranho, poderá ser uma questão de atracção matemática, física ou química… mas também e sempre de poesia.
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Alberto Caeiro
ps-eventualmente este post também poderia ter o título "se beber não escreva"...
3 comentários
Querida C_mim,
Isto tem estado muito feio mas parece que está a melhorar.
Já li os seus posts todos. Depois comento.
Beijocas e ânimo.
Então amiga,
Estamos de férias ou com preguiça?
Apareça. Gosto de a ver por cá.
Beijocas.
Muito bonito ...:)
Pois..as vezes tb escrevo e bebo...rsrsrs
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