C_mim

Eu sou mim, mim sou eu, um Deus me fez assim e de mim sei eu!!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O amor de CheGuevara e Mafaldinha...

”CheGuevara” veio de Espanha, não sei quando. Ele sempre andou cá por casa. E desde que eu me lembro que lhe falta as cordas nº 4 e nº 5.

E apesar de estar velho, das cordas estarem macilentas, de ter levado uma pancada de lado e de algum tempo ter levado um tombo que lhe partiu 1/5 da ilharga, cá em casa nem se fala em deitar o violão no lixo.

Nos afeiçoamos tanto a ele que passou a fazer parte da família...

Pessoalmente, e apesar de muito desafinado, desdentado e maltratado eu gosto imenso do som dele. Pelo que um dia o levei a algumas lojas que reparavam violões e o diagnóstico foi demolidor: “vai ser difícil consertar, é muito velho, vai ficar muito caro e nem vamos mudar as cordas porque temos medo de arrebentar com ele”.

Então eu me conformei com a velhice do “CheGuevara” – o nome vem do facto de eu, em criança, ter mesmo um poster do Che Guevara pendurado na parede do quarto –

Nessa mesma altura andava a ler o livro do Gabriel Garcia Marques, “ Memórias das minhas putas tristes” e identifiquei o “CheGuevara” com aquele velho que, ao fazer 90 anos, queria ter uma noite de amor com uma jovem virgem... O resto da história vão ter de ler o livro para perceberem o que vou escrever a seguir.

Pois bem, eu achei que este velho violão também merecia uma noite de amor com uma jovem menina, e achei também que tinha chegado o meu momento de aprender alguma coisa sobre música.

E com essa determinação entrei numa loja de instrumentos musicais e fiz um desafio ao rapaz que me atendeu:

“Quero comprar uma guitarra clássica, de fabrico espanhol e cujo o som da sua 6ª corda – Mi grave – seja igual ao som “Dóóoooiiiiii.... – É esse som que eu oiço a sair da 6ª corda macilenta e desafinada do CheGuevara. - Como não percebo nada de violões ou de música pareceu-me ser o mais racional e lógico pedido que poderia fazer. O rapaz pensou um pouco, olhou para os violões que tinha em exposição, experimentou um, pegou noutro e por fim agarrou naquele que lhe parecia ser a que eu pretendia. Afinou-o e depois tocou na 6ª corda livremente...

E de lá saiu o som: DÓÓÓOOOOOOiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii................., que vozeirão tinha aquele violão. Ou melhor será dizer guitarra, pois o som pareceu-me voz de soprano.

-“É isso que quer?...” - perguntou

-“É” – respondi

E foi assim que a “Mafaldinha” – em homenagem à Mafaldinha do Quino – entrou na minha vida e logo que cheguei a casa na vida do “CheGuevara”...

E tão é bonito ver como aquele velho violão ama aquela menina... Como a canta com suaves acordes que mal se ouvem... Como a toca com medo de tocar... Como a mira, como a deseja, com medo de a desejar...E “Mafaldinha” fica por perto, mas finge que não sente... Mas de vez em quando a oiço suspirar...

Quanto a mim...

Bem... Resolvi comprar uns livros do tipo “Como se toca guitarra” e começar o que de certeza vai ser um inglório esforço para aprender não a tocar na “Mafaldinha”, mas antes aprender a tocar a “Mafaldinha”. Isto para que ela possa aprender a amar o seu velho...

E é assim que eu observo que a “Mafaldinha” está começando a respirar, a crescer, a ganhar formas e a ter muitas questões para fazer ou para resolver, ainda não percebi bem...Noutro dia, estava eu a tentar sacar um Fá dela e em vez de um Fá veio um som parecido com “Freeuuuudddd...” Na altura pensei que era impressão minha, que como sempre tinha colocado mal os meus dedos, feito demasiada pressão na corda, o polegar direito tinha escorregado, etc... E continuei tentando... Até que olhei em frente e vi o meu cão, o Lucas, sentado na minha frente como prato da comida vazio entre as patas e se babando feito... feito o cão de Pavlov...

E aí eu pensei: “Xiiii... Vai começar tudo de novo?!...”


Agora que conhecem a história de Mafaldinha no próximo Projecto C vou contar "A história de Cheguevara"

1 comentários

At 2/13/2006 7:57 da tarde, Blogger 125_azul disse que disse...

AHAHHHHHHHHHHHHHHH!
ora, continuamos em ritmo de paixão.
Para mulheres apaixonadas, amanhã em 125-azul uma receita para encantar ditos-cujos, cujas e vice-versa.

 

Enviar um comentário

<< Home