C_mim

Eu sou mim, mim sou eu, um Deus me fez assim e de mim sei eu!!

domingo, março 04, 2007

uma questão de identidade...

Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.
-Vergílio Ferreira-


Passeava despreocupada pela páginas de uma revista quando vi um anúncio sobre o 17º salão português de línguas e culturas - expolingua portuguesa
-e lembrei-me do texto do Vergílio Ferreira que caracteriza de uma forma muito simples a raiz de várias culturas que têm por denominador comum a partilha de uma mesma língua.
E eu, apesar de portuguesa, não considero que o nosso português é o mais puro. Quando vejo comentários que o dizem, sinto que a xenofobia, na nossa sociedade, pode até ser uma questão de língua. O que me faz uma certa confusão pois a língua serve para comunicar, ou seja "fazer comum".

Para saber mais sobre as linguas portuguesas clicar aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui ...
Noutras latitudes e longitudes a escola de samba da mangueira celebrou a língua através do seu enredo se samba... Confira!!!
Vencendo a fúria de ventos agitados, Singrando “mares nunca dantes navegados”, Lá vêm elas - tão frágeis e tão belas - Sorriso aberto em suas velas: Dez naus, três caravelas. Trazem a bordo um rico tesouro Que não é prata nem é ouro. É uma herança, uma bonança Mais valiosa que um palácio: A última flor do Lácio.“Inculta e bela”, como Bilac cantou És meu pendão, meu refrão, Pura e singela, és minha flor na lapela Que o tempo enfim consagrou. Brota em meu peito uma forte emoção Quando vejo um cenário de tanta beleza! Deus, em sua Criação, fez questão De mostrar sua mania de grandeza Quando dotou o Brasil, sua grande paixão- e disso eu tenho certeza - Do idioma que fala ao pulsar do coração: A nossa Língua Portuguesa! O idioma de Camões, Eça e Pessoa Aos poucos se abrasileirou Com a fala dos índios e seu cantar Misturando o tupi e o tupinambá. Depois o negro da nação iorubá Botou “axé” e todo o seu encanto E até o samba que também é africano Ganhou a “ginga” que veio do banto. Foi seu Pombal quem garantiu No carnaval do meu Brasil O samba de uma fala só. Em verso prosa o povo inteiro Canta alegre, em “brasileiro” No frevo, no choro e no forró. Hoje a Mangueira, toda airosa Engalanada em verse e rosa Canta o idioma que ressoa Do Oiapoque ao ChuíLembra Eça, louva Pessoa, Inventa um passo e num abraço Traz Lisboa para a Sapucaí. Nos grandes mestres fui buscar O enredo do meu samba pra contar A saga de um povo altaneiro De vidas secas nos sertões De muita luta nos grotões Como pregava Antonio Conselheiro. Minha pátria é minha língua Minha pena é minha espada. A paixão não morre à mingua Se é pra ti, mulher amada, Que nos versos magistrais De Vinícius de Morais Sobre o amor ele proclama: É “infinito enquanto dure”, e“Imortal posto que é chama”. Os poetas de Mangueira Também sabem que a paixão É sua melhor parceira, Sua grande inspiração. Foi o amor à minha Escola Num preito de pura emoção E ternura em cada rima Que inspirou Mestre Cartola A compor essa obra-prima Que é “Sala de Recepção”. Eu sou de uma estação A Estação Primeira Que me ensinou uma lição Durante minha vida inteira:S ó meu samba me conduz E só Mangueira traduz A paixão mais verdadeira. Mas se quero ter certeza Que a magia e a beleza Da nossa Língua Portuguesa É maior do que supus Pego o trem na minha estrada E na última parada Desço na Estação da Luz.